quinta-feira, 11 de junho de 2015

sou fiel aos acontecimentos biográficos


O tempo fecha.
Sou fiel aos acontecimentos biográficos.
Mais do que fiel, oh, tão presa! Esses mosquitos
que não largam! Minhas saudades ensurdecidas
por cigarras! O que faço aqui no campo
declamando aos metros versos longos e sentidos?
Ah que estou sentida e portuguesa, e agora não
sou mais veja, não sou mais severa e ríspida:
agora sou profissional


terça-feira, 11 de setembro de 2012

verso x verso

... o meu verso tem medo do vazio;
do escuro
do medo.
fica escondido debaixo
de coisa que o caiba.
com o rabo de fora


no oitavo andar sempre cabe poesia

poema roubado do "8 poetas" -

Passagem

Chega de namoro, Leitores.
Agora estamos quites.
O teu desdém é o meu,
o meu verso não tem mais medo
de gavetas vazias.

O mistério
não está na tua leitura,
mas na paixão
do nosso jogo frio.

Habito, procuro as palavras
e por elas já sou habitado.
Não sou, não és:
Elas são.
Conjugar este verbo
é todo o nosso domínio.

E estamos cada vez mais distante de nós
mesmos
Estamos cercados,
ilhados como uma flor
de cacto
no parapeito da janela do oitavo andar
deserto.

[Adriano Alves]

terça-feira, 17 de julho de 2012

Projeto "Vídeo-Poema na Veia": status 'Aprovado'

Agora os poemas do livro integrarão o Projeto "Vídeo-Poema na Veia". Uma tentativa de aguçar o interesse dessa geração mais jovem (mais familiarizada com as mídias digitais) pela poesia. O projeto será uma realização da Funarte (Fundação Nacional de Artes) e executado por mim e pelo Diego Sá. Em breve o projeto será iniciado e terá um site próprio onde os vídeos serão postados. Ao final, serão produzidos DVDs com todos os vídeos-poemas criados, a serem distribuídos gratuitamente em escolas e bibliotecas públicas.


quinta-feira, 7 de junho de 2012

quinta-feira, 17 de maio de 2012

sobre o leite derramado

nesses traços
[anti-esquadro]
rebatem meus ecos
em tom baixo
um tom abaixo
no chão
dispersos

sábado, 28 de abril de 2012

porque viver é irremediável

mulher barriguda que vai ter menino
qual o destino
que ele vai ter?
que será ele
quando crescer?

haverá guerra ainda?
tomara que não, 
mulher barriguda,
tomara que não...

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Amor de Índio


coabitação

debaixo de uma luz
de abajour
sobre um banco
sob livros

a cena.

fundo parede escarlate
retalhos de vovó
costurando com leveza
nossos dias
repintados
cozidos
ensopados
deslizantes e fritos
fogo brando
fogo alto
sob cada gota;

invisíveis soluções
gotejadas dia a dia:
temos uma bacia.

mas iremos
até onde?


quarta-feira, 18 de abril de 2012

do meu bem


Qualquer coisa do tempo.
ladeira a baixo - labirinto a dentro

Qualquer coisa de velho.
marrom - amarelo

Qualquer coisa de mim - do outro - de mim.
um eterno e melancólico jogo de raquetes.

[Diego Sá]

foto Lidiane Lobo - L a d e i r a - Ouro Preto MG